Dance como uma garota

“Dance como uma garota”

 

Vivemos numa sociedade cheia de estereótipos e podemos ver alguns deles em diversos momentos da nossa vida, seja ela no trabalho, na escola, em casa; e até nos mais simples, andando na rua, conversando com amigos, nas redes sociais.

Você, garoto ou garota que dança, tenho certeza que já foi desestimulado de dançar algum estilo só porque ele era mais “masculino” ou mais “feminino”.

São limitações que as pessoas colocam sobre o outro e que, às vezes, o outro coloca sobre si mesmo. Barreiras, contra tudo aquilo que foge do padrão “menino macho alfa, forte, racional” e “menina sensual, diva, frágil”.

 

Dança é liberdade de expressão, é a liberdade de mostrar quem você realmente é através de movimentos. Deixar que as pessoas generalizem, achando que todas as pessoas que tem algumas características em comum são iguais, nos tira a liberdade de sermos quem somos de verdade. E mais além,  pessoas reconhecem o “diferente” como membro de um grupo específico, que muitas vezes, sofre com o preconceito, seja sendo colocado como inferior, por quem tem mais voz, ou tendo menos acesso à direitos que os outros.

É com isso, surge a desigualdade de gênero, que é um problema muito maior, no qual algum gênero específico sofre tendo menos garantias de seus direitos e não é livre para fazer suas escolhas sem a interferência de limitações.

Isso, vem com um peso muito maior sobre às mulheres, que sofrem desde sempre com a indiferença e inferioridade. Elas são colocadas como frágeis e submissas, apenas por serem mulheres, além de serem privadas de algumas atividades e atitudes por não serem coisas para “mulheres”.

Sem contar que a mulher é vista, muitas vezes, como um objeto, vendendo seu corpo como se fosse uma mercadoria para uso público. Claro, isso melhorou bastante com o movimento feminista, que intensificou a luta pela igualdade no mundo; mulheres saíram à rua para reinvidicar seus direitos. Mas, ainda assim, há desigualdade colocada sobre as minorias.

Impõem como você deve ser ou agir  conforme seu sexo. Os meninos precisam ser Homens fortes e as garotas precisam ser Mulheres frágeis. Garotos são colocados como líderes natos, pois conseguem ser muito mais racionais que as meninas, que são muito mais emocionais e isso atrapalha nas decisões.

Esses tipos de estereótipos, que viram preconceito e geram a Desigualdade, foram naturalizados. Isso é o normal, o certo. Então, aceitamos, sem ao menos questionar, o que atrapalha na desconstrução dos estereótipos, preconceitos e desigualdades.

Faça a si mesmo, as seguintes perguntas:

Por que eu sou induzidx a dançar de uma forma, e impedidx de dançar de outra?

Por que sou julgadx pelo modo que me visto ou danço?

Já pararam pra pensar quantas pessoas estão deixando suas verdadeiras identidades de lado para serem aquilo que querem que elas sejam?

É preciso nos aceitar e aceitar o outro,  independente do gênero, orientação sexual, religião, ou raça.

Estão todos dançando por um motivo: SE EXPRESSAR. Então, se a dança é liberdade, liberte-se dos estereótipos e dos preconceitos através dela.

Ana por Aê – Parte III


Pego e observo os tais objetos, atrás de algo que me direcione a algum lugar específico, pois não quero me perder por aí. 

Até porque não saio de casa nem pra comprar pão, imagine agora que vou dar uma de “Indiana Jones” atrás de aventura em São Paulo.

Vejo, no ingresso, um lugar chamado Centro Cultural São Paulo, que foi onde ocorreu o campeonato de dança. Não faço a miníma idéia de onde isso fica.

Pego meu celular, pra pesquisar onde fica e como chego até lá, e descubro que fica na Rua Vergueiro. Ainda bem que eu só preciso pegar um ônibus pra chegar até lá, não queria ter que ir de táxi e ter o perigo de encontrar o “Travis Bickle” do “Táxi Drive”.

Jogo os objetos dentro da minha bolsa, pego meu livro na mão e vou atrás da minha aventura para expulsar o tédio e reclamações familiares.

Chego até o Centro Cultural e fico parada em frente à ele. Apenas observando, sem muita reação. Não conheço o lugar, muito menos as pessoas; então, algumas coisas, novas, começam a chamar minha atenção. Principalmente, um grupo de pessoas reunidas, dançando, pois foi por isso que eu vim até esse lugar.

Até que uma garota, que estava junto com o grupo, dançando, chega em mim e diz que é super fã do livro que eu estou na mão. Eu fico mais animada do que a primeira vez que assisti “Elizabethtown”, pois finalmente, encontro alguém com um gosto parecido com o meu. 

Me empolgo em perguntar pra ela mais coisas, inclusive sobre o Campeonato de dança que ocorreu aqui. Ela me diz que ele ainda existe, e que ela está treinando com o grupo dela pra isso. Pergunta se eu estou a fim de entrar pro grupo, mesmo não sabendo dançar, já que ainda faltam 2 meses pro campeonato e é sempre bom mais gente no grupo.

Eu paro e penso. Sei que, onde moro, não tem nada de bom pra eu fazer e é provável que eu fique sedentária, preguiçosa e anti-social (mais do que já sou). E, além disso, achei interessante o lugar, mal cheguei e já conheci uma pessoa com gostos parecidos com os meus, imagine se eu passar a vir mais aqui e conhecer novas pessoas. 

Eu aceito o convite, não apenas por isso, mas também, pelo fato de serem todos jovens, no grupo. São jovens que saem de suas casas, do tédio, atrás de algo que os agradem e que os conecte com um mundo fora de suas casas. Eles estão se expressando através da dança em lugares abertos e públicos, onde as pessoas vêem e talvez, por um momento, admirem sua arte.

*Texto: Gabriela Reis 

*Ilustração: Ingrid Oliveira 

Ana Por Aê – Parte II

Fiquei surpresa ao encontrar a caixa, pois eu não esperava encontrar nada nessa casa além de poeira, rachaduras nas paredes e móveis velhos que os antigos donos não queriam mais. Desconfio que dentro da caixa só tenha um monte de porcaria, tão inúteis que os donos nem se deram ao trabalho de pegar. Mas, mesmo assim, vou abrí-la, não tenho nada a perder mesmo.

Abri a caixa como um pirata abre um baú de tesouros, com esperança e olhar de mistério. Espalho as coisas no chão e me deparo com fotos de pessoas que me lembraram as SpiceGirls e os Backstreet Boys reunidos antes da fama. Alguns ingressos desgastados que mal davam pra ler o que estava escrito neles, mas me parecia algo como “Campeonato Anual de Dança em São Paulo”, que aconteceu dia 02 de outubro de 2015,  e algumas medalhas desse mesmo campeonato.

Fico encarando essas coisas e me pergunto o porquê delas estarem aqui. Não conheci os antigos donos, então é difícil saber se eles eram dançarinos profissionais ou apenas pessoas que dançavam e guardaram essas coisas como lembrança.

Independentemente disso, continuei reclamando, por não saber o que fazer com tudo isso.

Até que minha mãe entra no quarto e me dá uma bronca, dizendo para eu parar de reclamar e ir arrumar algo pra fazer.

Paro. Reflito. E penso no que eu posso fazer nesse lugar, quando só se tem uma caixa cheia de coisas de dança que não sei de quem é e porque está aqui. 

O que será que essas pessoas dançam?

Será que eles moram por aqui?

Será que são pessoas agradáveis para se conviver?

Foi aí que me veio a idéia de ir atrás dessas pessoas das fotos, assim já completo o trabalho de conhecer pessoas novas e faço com que minha mãe pare de me encher a paciência.

Texto: Gabriela Reis 

Ilustração: Ingrid Oliveira 

Ana por Aê – Parte I

Sentada no chão do meu “novo” quarto, eu me pergunto, que diabos eu vim fazer aqui?

Por que eu não fugi de casa antes de vir parar nesse fim de mundo longe de todos os meus amigos? 

Minha família acha que é fácil arrumar amigos novos, acha que é fácil encontrar pessoas com quem me dou bem.

Foi muito difícil tornar meus antigos amigos pessoas agradáveis para se conviver. Imagine a trabalheira que vou ter aqui, dá até preguiça. 

Como se não pudesse ficar pior, além de não estar com meus amigos, não estou com minhas coisas. Meus livros, meus cd’s, meus filmes, minhas roupas. Isso tudo porque não deu tempo de trazer pra cá, então tenho que ficar aqui nesse quarto que mais parece filme de terror com esses móveis velhos e bizarros. 
Sei que eu não devia reclamar, já que foi o melhor pra minha família. Mas, o lugar que morávamos era tão bom.

Lugar movimentado, cinemas, fast food. 

E a única coisa que temos aqui é uma lanchonete velha e um cinema pequeno com filmes antigos. 

Estou me sentindo como “Ethan White” em “Dezesseis luas”, vivendo em um lugar a qual eu não pertenço.
Estava pensando seriamente em trancar a porta do quarto e acabar com isso de uma vez por todas, mas ainda não terminei de assistir Friends.
Decidi fuçar o guarda-roupa para ver se não havia uma entidade maligna lá dentro que puxaria meu pé quando eu fosse dormir, e acabei encontrando uma coisa, que não é uma entidade, mas uma caixa cheia de coisas que felizmente me prenderam a atenção e me fizeram esquecer de todo aquele sentimento de raiva que estava sentindo desta casa.

*Texto: Gabriela Reis

*Ilustração: Ingrid Oliveira 

Vocabulário Kpop

O Kpop é um estilo coreano de música que, atualmente, vêm se popularizando muito no Brasil. Ele é o estilo mais dançado pelos jovens que frequentam o CCSP.

Uma das características marcantes de uma cultura é a sua linguagem. O Kpop não é diferente e tem palavras e expressões que são usadas também aqui no Brasil pelos jovens. Por isso, reunimos algumas dessas expressões, que fomos aprendendo ao longo dos dias, para que possamos conhecer um pouco mais desse universo. 

Existe uma diferença na hora de se referir às pessoas mais velhas. Algumas palavras são usadas apenas por mulheres e outras apenas por homens.
Palavra usada por mulheres
Palavra usada por mulheres
Palavra usada por homens
Palavra usada por homens

Dança Aê 


Bias: segundo o vocabulário popular do Kpop, “bias” são os artistas preferidos de alguém, aqueles que se admira.

Kpop: gênero musical coreano tocado por grupos que se apresentam unindo canto e dança. 

Dançarinos do CCSP: jovens de toda a cidade de São Paulo que vão até o CCSP para ensaiar coreografias covers dos seus bias de Kpop.

CCSP: Centro Cultural São Paulo, localizado na Rua Vergueiro, centro de São Paulo, com corredores amplos e vidraças que funcionam como espelhos para ensaios de dança. 

Dança Aê: projeto realizado no CCSP com os jovens dançarinos, principalmente de kpop, a fim de conhecê-los e divulgar seus trabalhos artísticos.

Korean Pop

Música. Cinema. Artes Plásticas. Livros. Dança. 

O Centro Cultural São Paulo, com seus corredores, rampas e vidraças, abriga múltiplas manifestações artísticas que convivem e se completam. Ao caminhar pelo Centro Cultural, a dança é a primeira expressão que vemos, ela está por toda parte e se mostra através de vários estilos: dança afro, ballet clássico, hip hop, sertanejo, tango, kpop, e este último é o que está mais presente. 

Surgido na Coréia do Sul, o “Korean Pop”, ou kpop, é um estilo musical reconhecido por trazer elementos audiovisuais atrelados aos seus grupos e artistas. Em 1992, com o surgimento do SEO TAIJI & BOYS, teve início o kpop moderno que une diferentes estilos tais como pop, dance-pop, hip hop, R&B.

Com as redes sociais e o YouTube, a partir dos anos 2000, a “Onda Coreana”, como foi chamada, fez o kpop sair dos limites orientais e chegar até os países da América, entre eles, o Brasil.

Grupo de kpop, BTS

Grupos como BTS, BigBang, EXO, Girls Generation, vieram via internet e conquistaram os jovens, muitos deles frequentadores do Centro Cultural São Paulo. 

Atualmente, a cultura kpop vai além do gênero musical, está também presente no cotidiano das pessoas, principalmente dos jovens, através da linguagem, roupas e acessórios, filmes e séries, e outros elementos incorporados às suas identidades.

Sendo assim, o Centro Cultural São Paulo passa a ser, além de ponto de referência artística, espaço de interação e construção das novas identidades que surgem.

Grupo de kpop, Girls Generation

A Dança pode me abraçar  (Texto da Ingrid Oliveira)

A dança pode me abraçar de uma maneira que, automaticamente, viajo para uma dimensão onde não sei se estou consciente ou não. Um lugar onde posso criar a minha própria aventura, através de passos e um ritmo musical.
Um lugar onde, se fosse vista dançando, seria julgada insana por aqueles que não podem entender que a dança é uma ótima forma de demonstrar que mente e corpo unidos à música interagem perfeitamente. 
Diante de todo o caos de sentimentos da vida, a dança estará ali, de braços abertos, aguardando para me dar aquele abraço que só ela pode oferecer e, ao mesmo tempo, sussurrar no meu ouvido para que eu esqueça as minhas inquietações e dance.

​Ela dançava. Ele dançava. Eu olhava. (Texto da Gabriela Reis)

Ela dançava. Ele dançava. Eu olhava. 

Num ritmo que eu não entendia e tão pouco gostava.

Braço pra lá. Perna pra cá,

Isso não me atraía, preferia o meu ritmo e tudo fora disso não me conquistaria.

Não era preconceito, eu apenas preferia o meu.

O meu rock calmo,

O meu indie sem ritmo,

E meu pop desafinado.

Ah, mal sabia eu, que depois de alguns anos viveria pra dançar. 

Mas jamais esqueceria da minha essência, do meu eu.

Meu eu que aprecia músicas que causam um efeito,

Músicas que me transbordam de sentimentos e me fazem dançar. 

A emoção de dançar não tem haver com o passo ou coreografia;

Começa bem antes disso,

Onde é só voce, seu corpo e sua alma 

se conectando num só ritmo.

Dançar é sentir 

É colocar pra fora sua dor, tristeza, seu amor…

E tudo que te transborda.

Dançar é a liberdade de mostrar quem você é. 

É apagar a luz do quarto, colocar sua música favorita e dançar loucamente. 

Depois disso, sentar no chão de tanto cansaço e dizer pra si mesma “Eu estou vivendo”

Braço pra lá. Perna pra cá. 

Isso me atraiu! 

Coloquei sentimento em meus movimentos, 

Me movimentando de dentro pra fora e de fora pra dentro.